Mulheres em cargos executivos: elas são realmente respeitadas ou apenas símbolo de marketing?

A presença feminina em cargos executivos tem crescido nos últimos anos, e essa conquista é celebrada como um marco importante na luta pela igualdade de gênero. Porém, em muitos casos, a realidade que essas mulheres enfrentam ainda é marcada por preconceitos e desafios que vão muito além das responsabilidades do cargo.

Por trás de discursos corporativos que exaltam a inclusão, surge uma pergunta inquietante: as mulheres em cargos de liderança são verdadeiramente valorizadas por suas competências ou estão sendo usadas como ferramentas de marketing para construir uma imagem de empresa progressista?

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O avanço da presença feminina no topo

O aumento de mulheres em posições de liderança é inegavelmente um passo à frente na busca por um mercado de trabalho mais justo. Essa transformação é fruto de décadas de esforços coletivos e individuais para quebrar barreiras impostas por normas de gênero.

Grandes corporações e startups têm apostado em programas de diversidade que prometem transformar a estrutura de poder no ambiente de trabalho. Essas iniciativas incluem ações afirmativas, políticas de equidade salarial e treinamento para conscientização sobre vieses inconscientes.

Embora essas medidas sejam necessárias e bem-vindas, elas não garantem, por si só, um ambiente de respeito e valorização. Muitas vezes, as líderes femininas encontram resistência velada, sendo tratadas como “exceções à regra” ou enfrentando expectativas irreais.

Entre o respeito e o simbolismo

Reconhecimento genuíno ou fachada corporativa?

A presença de uma mulher em um cargo executivo pode ser usada para sinalizar virtudes corporativas, especialmente em setores historicamente dominados por homens. Empresas que exibem suas executivas em campanhas publicitárias ou relatórios anuais muitas vezes querem ser vistas como modernas e inclusivas, mesmo que internamente a realidade seja outra.

Essa “instrumentalização” da liderança feminina pode ser desrespeitosa, pois reduz a profissional a um símbolo, em vez de reconhecer seu valor genuíno. Nessas situações, o foco está mais na imagem externa da empresa do que na transformação real da cultura organizacional.

Barreiras invisíveis no dia a dia

Mesmo após alcançarem posições de poder, muitas mulheres continuam enfrentando desafios que seus colegas homens dificilmente experimentam. Comentários condescendentes, questionamentos constantes sobre suas decisões e a necessidade de provar sua competência repetidamente são apenas alguns exemplos.

Além disso, a cobrança para equilibrar carreira e vida pessoal é um fardo pesado. Enquanto homens em cargos executivos muitas vezes são admirados por sua dedicação ao trabalho, mulheres na mesma posição enfrentam críticas por “deixarem de lado a família” ou por “não se dedicarem o suficiente”.

Como promover respeito e valorização real

Para mudar essa dinâmica, é necessário um esforço conjunto de empresas, líderes e sociedade. Algumas ações práticas podem contribuir para criar um ambiente onde as mulheres em cargos de liderança sejam verdadeiramente respeitadas e valorizadas:

1. Treinamento para desconstruir vieses

Investir em treinamentos que abordem estereótipos de gênero é essencial. Esses programas ajudam a conscientizar equipes e líderes sobre comportamentos que, mesmo inconscientemente, podem desvalorizar o trabalho das mulheres.

2. Garantir equidade salarial

A transparência em relação aos salários e a implementação de políticas de equidade salarial são passos fundamentais para mostrar que a empresa valoriza suas colaboradoras de forma justa.

3. Estabelecer uma cultura de apoio

Uma cultura organizacional sólida valoriza o desempenho e não o gênero. Para isso, é importante criar redes de apoio internas, como mentorias e grupos de afinidade, que reforcem o protagonismo feminino.

4. Priorizar resultados, não aparências

Empresas comprometidas com a diversidade devem ir além da superfície. Não basta exibir lideranças femininas como um símbolo; é necessário garantir que elas tenham poder real de decisão e voz ativa na estratégia da organização.

5. Promover mais representatividade

Embora as mulheres estejam ganhando espaço em cargos executivos, ainda há um longo caminho para garantir uma representatividade mais ampla e diversa. Mulheres negras, LGBTQIA+ e de outras origens sub-representadas também precisam de oportunidades para alcançar essas posições.

A necessidade de um olhar mais profundo

A presença de mulheres em cargos executivos não deve ser uma tendência passageira ou apenas uma estratégia de marketing. É preciso reconhecer o impacto positivo que essas lideranças trazem para as organizações e garantir que elas sejam tratadas com o respeito que merecem.

Mais do que uma questão de gênero, essa é uma questão de justiça, competência e evolução do mercado de trabalho. Enquanto as empresas continuarem priorizando aparências em vez de mudanças estruturais, as verdadeiras conquistas femininas correm o risco de serem desvalorizadas.